OS EMBAIXADORES DO COMÉRCIO DE ESCRAVOS NA AMÉRICA PORTUGUESA: DIPLOMACIA ENTRE TENSÕES E TRADIÇÕES (1795-1805)
Este projeto compreende a análise de um conjunto de fontes (missivas, ofícios, relatos de viagem e uma Memória Histórica) que dizem respeito às relações atlânticas efetivadas entre os chefes daomeanos e as autoridades luso-baianas, no contexto do comércio atlântico de escravizados. Através da análise dos discursos revelados por esse conjunto documental, tomados em série e articulados entre si, buscou-se identificar as estruturas sociopolíticas necessárias para a efetivação de tal diplomacia, os agentes envolvidos nas relações diplomático-comerciais, seus respectivos interesses e os recursos mobilizados para alcançá-los. O recorte cronológico desta pesquisa é marcado pela chegada de duas embaixadas daomeanas à Bahia (1795 e 1805) e compreende também, no Daomé, a envio de uma missão apostólica portuguesa (1796) e a sucessão dinástica entre os Reinados de Agonglo e de Adandozan (1797). Observa-se, nessa conjuntura, uma série de transformações na diplomacia estabelecida entre a Coroa portuguesa e o Daomé. A partir da compreensão desse fenômeno histórico atlântico e de suas transformações na virada do século XVIII para o XIX, buscou-se caracterizar a tradição diplomática construída e determinar as tensões inerentes a ela, em sua relação direta com as dinâmicas do comércio atlântico e com os jogos de poder internos ao Daomé e à região em que o reino se insere, o Golfo do Benim.